myfreecopyright.com registered & protected

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

O menino da mala (Agnete Friis & Lene Kaaberbol)

, , , 0








Autor: Agnete Friis & Lene Kaaberbol
Nº de páginas: 256
Editora: Arqueiro
Série/Saga: Nina Borg #1
Nota: 3,5/5











A produção policial nórdica (ou escandinava) traz consigo um elemento que considero muito interessante. Uma espécie de valor social. São livros provenientes de países em que as taxas de criminalidade e violência são muito reduzidas – supondo um “modelo” de sociedade -, e daí os romances policiais cumprem a tarefa de colocar em questão os dados. Mostrando que apesar dos “bons números” subjaz nessa sociedade um mundo obscuro.

Em O menino da mala somos apresentados à enfermeira da Cruz Vermelha, Nina Borg. Nina é uma mulher que se entrega de corpo e alma a profissão que escolheu exercer. E para tanto, ela não mede esforços para salvar vidas, mesmo que com isso coloque em risco a sua própria vida. É está mulher que diante do pedido de uma amiga vai ao metrô buscar uma mala misteriosa. Encontrando dentro dessa mala um menino, nu e drogado.

A descoberta do “menino da mala” automaticamente ativa o sensor de proteção de Nina, e quando ela percebe que existe outra pessoa, um gigante permeado de ódio, atrás do menino ela não hesita em fugir e buscar, ela mesma, cuidar da situação.

Mas as coisas vão ficando cada vez mais delicadas. E sua amiga, que havia lhe pedido para buscar a mala, é brutalmente assassinada. Para deixar as coisas mais interessantes, o menino, que parece ter cerca de três anos, não fala o mesmo idioma da enfermeira. Segue-se uma fuga desesperada para salvar o garoto.

Apesar da centralidade do papel da Nina Borg, a trama não se resume a ela. Conhecemos desde o início uma mãe solitária que vive somente para seu filho, um empresário que passa por dificuldades para realizar um “negócio” e um brutamonte tão cruel quanto inocente. Essa mãe que passará da solidão para a desolação tem espaço especial no livro.

Nina Borg a princípio me pareceu um tanto quando descompensada. Ela age simplesmente por impulso. Instinto é o que a move. Dado esse comportamento, em certos momentos errante, ela se mostra uma personagem complicada. Mas apesar de suas ações impensadas é possível perceber que sua propensão imparável para o perigo e pela tentativa de salvar vidas reside em um aspecto bastante particular de sua história.

Como indicado no começo, os romances provenientes desses países tendem a evidenciar maculas sociais. E neste aspecto, O menino na mala é feliz. Aqui vemos desvelada a problemática do tráfico de crianças, dos complexos problemas com a imigração - questão que parece ainda insolúvel nessa parte do mundo. Satisfeita essa característica, está ausente nesse livro uma especificidade quase dominante na produção nórdica, o inverno rigoroso. Inversamente, a história se passa em pleno o verão. Não que isso constitua ponto negativo, apenas diferente.

Quanto a capa é necessário dizer que é um dos projetos gráficos mais legais da editora. E consegue ser ainda mais agradável pessoalmente. Uma bela capa. 

Ao fim, me parece que O menino na mala, embora não traga a “primeira linha” do romance policial nórdico - é bom se manter longe de comparações com Stieg Larsson - cumpre seu papel de forma exitosa. É um bom livro.  


Stay Connected With Free Updates
Subscribe via Email
You Might Also Like