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sexta-feira, 15 de novembro de 2013

O Silêncio do Túmulo (Arnaldur Indridason)

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Autor: Arnaldur Indridason
Nº de páginas: 320
Editora: Companhia das Letras
Série/Saga: Reykjavík Murder Mystery - 3
Nota: 3,5/5










“Ela sentia vergonha. Vergonha de ser espancada e surrada quando menos esperava. Vergonha de seus olhos roxos, lábios cortados e lesões por todo o corpo. Vergonha da vida que tinha, que para os outros certamente era incompreensível, abominável. Ela queria esconder aquilo. Queria se esconder na prisão que ele criara para ela. Queria se trancar lá dentro, jogar fora a chave e torcer para que ninguém a encontrasse. Tinha que aceitar os maus-tratos dele. De alguma forma, aquilo era seu destino, absoluto e imutável.” p. 62

Arnaldur Indridason é um autor nórdico (ou escandinavo), islandês, de romances policias. Recentemente ganhou o VII Prêmio RBA de romance policial, importante premiação do gênero. Ao lado de Jo Nesbo e Henning Mankell é um dos principais disseminadores da produção literária policial dessa parte do mundo. O silêncio do túmulo é o quarto livro da série Reykjavík Murder Mystery, que já tem lançado no Brasil os volumes 4 e 5, Vozes e O Segredo do Lago, respectivamente.

Um esqueleto é acidentalmente encontrado em Reykjavík, e o inspetor Erlendur Sveinsson é chamado para tratar do caso. Ocorre que grande parte do esqueleto se encontra soterrada, mas o pouco que se pode entrever indica que a morte pode ter ocorrido há cerca de 60 anos. O período coincide com a existência de um acampamento do exercito inglês e depois americano, que estiveram na colina. Para buscar maiores informações Erlendur convoca um arqueólogo para tratar da retirada do esqueleto e preservar possíveis evidências.

Na mesma colina em que se descobriu os ossos havia um chalé, há muito demolido, e o inspetor resolve rebuscar informações sobre a existência dessa residência e os moradores que ali habitavam. Contudo, desvendar o mistério envolvendo um esqueleto tão antigo envolve remexer em segredos antigos, demandando a convocação de lembranças imprecisas, que por muitos anos permaneceram na obscuridade.

Mas os problemas de Erlendur não se resumem a desvendar o caso dos ossos. Sua filha, Eva Lind, dependente química, se encontra em um estado delicado no hospital. O fato de ele ter sido um pai ausente, que não presenciou o crescimento de Eva e seu irmão, torna a questão ainda mais delicada.

Quanto ao caso dos ossos, conforme caminha no tempo, Erlendur se vê as voltas com uma família misteriosa que viveu naquela colina, com a qual coisas terríveis podem ter ocorrido. Além de o esqueleto ter uma relação com as tropas que ficaram ali estacionadas. Soma-se ao enigma a história de um noivado misteriosamente interrompido e uma noiva desaparecida.

Arnaldur Indridason tem uma abordagem própria da trama policial. Não se pode esperar encontrar em O Silêncio do Túmulo uma trama rápida, cheia de reviravoltas; eletrizante é um adjetivo que nem mesmo de aproxima do que é realizado. Apesar disso, o trabalho do autor não é diminuído. A abordagem contemplada não tem relação com o thriller policial – esse sim, eletrizante – trata-se na verdade de uma trama policial de detetive em que uma investigação é posta em prática. Os elementos presentes convergem na direção de desvendar um passado remoto, para tratar de um caso que não tem relação transformadora para o presente.

A versão policial de Indridason é aliada a uma exploração do elemento humano realmente convincente. Neste aspecto, o autor se demora com grande atenção. Erlendur é um homem que não conseguiu romper com os fantasmas do passado, a família que ele pretendeu criar a muito se descompôs. Ele é um homem, acima de tudo, solitário, taciturno e concentrado em desvendar casos de desaparecimento. Por isso, diferente do que geralmente é feito, o tratamento do detetive é muito mais direcionado para o âmbito pessoal, que para o profissional, embora possam se confundir.

A narrativa ocorre em dois pólos temporais, passado e presente, e os acontecimentos que tem lugar no passado compreendem uma descrição de caráter social bastante complexa, uma família que tem de conviver constantemente com o medo e o assombro de um monstro que parece ser indestrutível.


É preciso ter cuidado ao entrar em contato com a obra de Indridason, expectativas podem ocasionar uma experiência insatisfatória. Mas, uma vez que se tenha em mente o que o autor oferece, é possível aproveitar muito da abordagem sutil e cuidadosa que Indridason destina a sua investigação e ao elemento sociológico de sua obra. Um autor que merece ser conhecido.  

terça-feira, 12 de novembro de 2013

A Síndrome [E] (Franck Thilliez)

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Autor: Franck Thilliez
Nº de páginas: 368
Editora: Intrínseca
Série/Saga: Frank Sharko 3
Nota: 4,5/5











“O equilíbrio de um policial é muito frágil. É como uma casa de noz que se abre gradualmente, a golpes de perseguições e cenas de crime.” p. 166

É notável o que se pode fazer com um romance policial. Os autores têm diante de si uma enormidade de universos para serem explorados, e em cada um destes há inumeráveis possibilidades. Mas nem todos os autores conseguem explorar tramas mais complexas, que adentram cenários inusitados. Certamente, este não é o caso de A síndrome [E], pelo contrário.

A tenente da polícia judiciária Lucie Henebelle recebe uma súbita ligação de um ex-namorado dizendo estar cego após assistir um curta metragem. Do outro lado da França, cinco corpos mutilados, sem o cérebro, os olhos e demais partes, são desvendados acidentalmente em uma escavação. O comissário Franck Sharko é requisitado para acompanhar as investigações.

Dois casos aparentemente sem qualquer conexão, separados por quilômetros. Mas Henebelle a pedido de seu ex resolve assistir o mesmo filme, e descobre estar diante de algo aterrador. Um filme que só poderia ter sido concebido por uma mente perturbada e doentia. Na tentativa de desvendar o rastro do filme a jovem tenente acaba entrando em contato com um misterioso informante canadense que sugere uma ligação entre os corpos mutilados e o curta-metragem. Com essa descoberta os caminhos de Sharko e Henebelle se encontram.

“[...] Matar a sangue-frio não é um ato fácil. É preciso controlar suas pulsões, combater o que a sociedade, a religião e a consciência proíbem. Recalcar os próprios fundamentos do espírito humano. Mas eles tinham eliminado, retirado os olhos e estripado um homem [...] Que tipo de desajustado escondia-se por trás daquele crime? Qual sua motivação para transgredir os limites àquele ponto?” p. 103

Apesar da possível ligação as evidencias indicam um caminho difícil. O curta-metragem foi gravado a mais de 50 anos, os crimes ocorreram recentemente, e excluída a pista apontada pelo incógnito canadense, nada liga os dois acontecimentos. Mesmo assim os dois investigadores exploram o que eles têm a mão, e quando o filme começa a demonstrar um rastro de assassinatos cruéis, uma busca mais intensa se põe em movimento. Com isso, os investigadores se lançarão em diferentes continentes perseguindo pistas obscuras e, por vezes, perigosas. Até se verem diante da Síndrome [E], algo que parece convergir com a mais profunda obscuridade humana.

Frank Sharko é um policial experiente, na casa dos 50, que sofre de esquizofrenia. E apesar da doença não conseguiu se manter longe da profissão. Talvez porque não lhe reste mais nada. A profissão lhe sugou tudo, a vida e a família. Um homem que há muito cedeu, viu-se lançado em um poço que não sabe se conseguirá emergir. Apesar de tudo, ainda é um homem inteligente, que não respeita as regras e resolve seus casos.

Já Lucie Henebelle está em ascensão, é uma boa policial, ainda que sua tendência a insubordinação não tenha passado indelével. Mãe de duas meninas, e sem um companheiro, ela se vê cada vez mais afastada da família e consumida pela profissão; que parece enredá-la de forma irresistível.

O mistério a ser desvendado é construído de tal forma a sugar o leitor. Não apenas por se tratar de algo de difícil resolução - que obrigatoriamente tem de ser - mas também por ser atraente ao leitor. Os detalhes, a condução e os segredos que se encontram por trás da película conduzem o leitor de forma interessada durante todo o livro.

Inteligente. Inventivo. Complexo. São palavras que se adéquam ao excelente trabalho de Frank Thilliez. O autor concebe um livro que vale a pena ser lido. 

terça-feira, 5 de novembro de 2013

Goodreads Choice Awards 2013 – Best Books of 2013

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A rede social de leitores Goodreads lançou os candidatos à melhores livros do ano de 2013. São 20 categorias, em que 15 livros concorrem para a premiação de melhor obra.  O vencedor é escolhido com base na votação dos leitores integrantes do site.



Entre os livros que compõe as várias categorias, alguns já foram lançados no mercado nacional. É o caso de exemplares que concorrem na categoria Mistério e Suspense, que tem livros como: Inferno, do Dan Brown; O Chamado do Cuco, do Robert Galbraith (J. K. Rowling). Outros autores são conhecidos do público brasileiro como Harlan Coben e Lisa Gardner, que tiveram nomeados seus lançamentos de 2013 Six Years e Touch & Go, respectivamente.

Já na categoria Memória e Autobiografia aparece o livro Eu Sou Malala, de Malala Yousafzai e Christina Lamb, lançamento recente da Companhia das Letras. Está presente também A Casa do Céu, de Amanda Lindhout e Sara Corbett, lançamento de novembro da Novo Conceito.



Na categoria Fantasia está o livro Oceano no Fim do Mundo, do Neil Gaiman. Na de Terror NOS4A2, do Joe Hill, que será lançado em 2014 pela Arqueiro. Liberta-me, de Taheref Mafi, da Novo Conceito está classificado em ficção jovem adulto e ficção científica.  Além de outros exemplares que se encontram por aqui.