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sexta-feira, 6 de junho de 2014

Doze Anos de Escravidão (Solomon Northup)

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Autor: Solomon Northup
Nº de páginas: 280
Editora: Penguin-Companhia
Série/Saga: -
Nota: 4/5











“Enganam-se aqueles que dizem que o escravo ignorante e sem estudo não tem ideia da magnitude das injustiças a que é submetido. Enganam-se aqueles que imaginam que, ajoelhado, ele se põe de pé com as costas laceradas e sangrando, cultivando apenas o espírito de submissão e de perdão. Um dia pode vir 0 virá, se sua prece for ouvida -, um dia terrível de vingança, quando será a vez de o senhor gritar em vão por misericórdia.”
Há nas autobiografias e biografias – as de qualidade, é claro - uma característica que muito aprecio: a capacidade de transcendência. Trata-se daquelas histórias pessoais que conseguem ultrapassar a suas particularidades e contam ao leitor muito mais que o drama pessoal ali centralizado. Esse é um dos grandes méritos de Doze anos de escravidão, de Solomon Northup.

Solomon Northup nasceu livre. Negro residente de uma cidade do norte dos Estados Unidos, Solomon constituiu família, casou-se e teve três filhos. Em sua cidade destacou-se como cidadão respeitado, especialmente pela sua qualidade como violinista; ainda que tenha desenvolvido uma série de outras atividades.

Livre, alfabetizado, independente, Solomon não conhecia as mazelas as quais estavam destinados seus semelhantes. O que estava prestes a mudar. Quando certo dia o violinista é convidado por dois senhores a lhes acompanhar para que os auxilie no circo do qual são donos. Era um trabalho de remuneração considerável, o que levou Solomon a aceitar a empreitada. Seria o fim da sua ignorância sobre os desmandos da escravidão.

Após um curto período de viagem, quando depois de uma noite insone e cheia de dores, Solomon Northup acorda acorrentado. Estava então em uma casa de comercialização de escravos, em Washington, diante do capitólio. As tentativas de Solomon de requerer sua imediata liberdade, uma vez que havia nascido livre, lhe renderam uma repreenda dolorosa. Ficaria evidente que a partir de então ele não poderia reivindicar sua liberdade, o que colocaria sua vida em risco. E por 12 anos ele guardou esse segredo.

Assim, depois de algumas transações, Solomon Northup chega a Louisiana, as margens de Bayou Boeuf, seu nome agora é Platt. Diante de sua nova condição, Platt conheceria a perfídia da escravidão. Posse de uma série de senhores, ele poderia atestar as condições da escravidão sobre os diversos temperamentos dos senhores de escravo. Nesse ponto, ganha vulto a narrativa de Solomon Northup.

O mérito do trabalho de Northup é a capacidade de ao mesmo tempo em que conta sua própria história, ele consegue perfilar um retrato verídico da escravidão e da condição de escravo. Um aspecto a ser notado é que a trajetória de Solomon é inversa ao caminho comum da escravidão-liberdade, sua história segue o eixo liberdade-escravidão. E, talvez, por isso sua percepção seja tão pertinente. 

O quadro que Northup constrói passa pelo processo de venda, transação do escravo entre senhores, as condições de trabalho e de vivência do escravo à forma como estes estão subjulgados. Definitivamente, um retrato da escravidão. Isso é feito com grande provisão de detalhes, Solomon tem um olhar bastante acurado, tecendo uma sistemática da escravidão tal como ele pôde perceber.

Falando do livro é necessário fazer referência ao filme que brilhantemente complementa e rebusca a história de Solomon Northup. Um livro que merece ser lido, um filme que vale a pena ser assistido. Doze anos de escravidão é uma obra que merece destaque por aquilo que representa. 

"A influência do sistema iníquo necessariamente forja um espírito insensível e cruel, até mesmo no peito daqueles que, entre iguais, são vistos como humanos generosos."


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