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sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Sangue na Neve (Lisa Gardner)

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Livro: Sangue na Neve
Autor: Lisa Gardner
Nº de páginas: 416
Editora: Novo Conceito
Série/Saga: D. D. Warren #5
Nota: 4/5









Várias características são relevantes para que um livro se constitua em um bom romance policial. Mas as camadas são essenciais. É supérfluo dizer, mas romances policiais envolvem mistérios, e, portanto, a forma como isso é trabalhado pelo autor se torna questão elementar. Nesse contexto, reside o papel superlativo das camadas. Elas geralmente são representadas de duas formas, ou o autor preserva o derradeiro suspense apenas para os instantes finais, ou com o decorrer da história ele vai liberando informações em “conta-gotas” permitindo ao leitor construir sua própria solução para o mistério. Enfim, camadas são importantes. Toda essa história sobre camadas se faz necessária, pois em Sangue na Neve temos muitas camadas, e até que a última seja finalmente revelada, muitas suposições podem ser conjecturadas.  Vamos ao livro.

A policial estadual Tessa Leoni assassinou o marido, Brian Darby, com três tiros no peito. Mas, ao que tudo indica, a policial agiu em legítima defesa. E para dar suporte a essa suposição o rosto desfigurado parece ser uma boa evidência do que ocorreu. Até esse ponto, o caso parece ser apenas mais uma ocorrência de violência doméstica que termina de forma trágica.

O que ocorre, contudo, é que Sophie Leoni, a filha da policial, está desaparecida, não há qualquer indício da menina de 6 anos, e a mãe não tem condições de prestar informações úteis sobre o paradeiro da filha.

D.D. Warren, a detetive responsável pelo caso, logo entreve um cenário muito mais complexo que o suposto assassinato do marido pela esposa agredida. Definitivamente, existe algo mais por trás dessa história. E o desaparecimento de Sophie é condição suficiente para despertar o alarme de D. D. Ela está disposta a descobrir o que exatamente ocorreu, e acima de tudo encontrar Sophie, viva ou morta.

As investigações levam a caminhos cada vez mais tortuosos, a ideia de que Brian seja um agressor é descartada por todas as pessoas que são próximas a ele, e a condição da Tessa, bem como a impressão de que ela esconde mais do que revela deixam D. D. cada vez mais intrigada.

Está formado o corpo do suspense, resta a Gardner desenvolvê-lo. E acredite, ela sabe como fazer isso. Tece suas camadas com cuidado.

Logo que iniciamos o livro, Gardner trabalha intensamente em seu suspense. Os personagens estão lá, são importantes, mas o suspense ganha contornos cada vez mais intensos. Assim, a cada rodada Gardner desvela uma camada, e é possível entrever um pouco mais do que está ocorrendo, e em seguida novamente outra camada é revelada, e ai caminhos mais obscuros vão se colocando. E isso ocorre de forma natural, à autora não força, ela tem uma capacidade melindrosa de trabalhar com os mistérios, é preciso ter paciência, cuidado, e, acima de tudo, atenção.

Apesar da centralidade do suspense, os personagens não são negligenciados. D. D. é determinada, seu perfil agressivo e direto chega a impressionar. E mesmo com toda essa força, ela é uma mulher frágil, tem seus medos, sabe que apesar de tudo a vida é um mistério que ela não conseguiu desvendar, e talvez nunca consiga. Nesse aspecto, ela é também uma vítima. Já Tessa Leoni é brilhante, é uma mulher que fez a si mesma, vive acima de tudo pela filha, tornou-se mais forte por ela. E está acima de tudo disposta a chegar às últimas consequências por Sophie. É inacreditável o que uma mãe é capaz de realizar.

Assim, o circo está montado: um mistério em várias camadas, personagens bem construídos e uma narrativa atraente – que alterna entre primeira e terceira pessoa. Lisa Gardner mostrou-se muito competente em Viva para contar – seu primeiro livro lançado no Brasil – e em Sangue na neve ela simplesmente cristalizou sua inegável capacidade de arquitetar bons romances policiais. 


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