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quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Lançamento - Os Três (Sarah Lotz)

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A editora Arqueiro já anunciou seus lançamentos para os meses de março, abril e maio. Dentre os destaques está Os Três, de Sarah Lotz. O livro está prevista para o dia 22 de maio. 

A história assume o mesmo tom apocalíptico de A Passagem e Lua Vermelha, duas séries lançadas pela editora. Em The Three o centro de abalo parece girar em torno de três crianças, supostamente cavaleiros do apocalipse. Confira a seguir a capa original, a sinopse e o booktrailer.


Quatro acidentes aéreos simultâneos. Três crianças sobreviventes. Um fanático religioso que insiste os três são arautos do apocalipse. E se ele estiver certo? 
O mundo fica surpreso quando quatro aviões se acidentam simultâneamente em diferentes continentes. Diante do pânico global, funcionários estão sob pressão para encontrar as causas. Com os ataques terroristas e os fatores ambientais descartados, não parece haver uma correlação entre as falhas, só que em três dos quatro desastres aéreos uma criança sobrevivente é encontrada nos destroços. Apelidado de 'The Three' pela imprensa internacional, todas as crianças apresentam problemas de comportamentos perturbadores, presumivelmente causados pelo horror que viveram e o implacável assedio da imprensa. Essa atenção torna-se mais do que apenas intrusiva quando um culto liderado por um pastor evangélico carismático insiste que os sobreviventes são três dos quatro arautos do apocalipse. Os três são forçados a se esconder, mas como o comportamento das crianças torna-se cada vez mais preocupante, até os guardiões começam a questionar a sua sobrevivência milagrosa ...


   

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

HHhH (Laurent Binet)

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Autor: Laurent Binet
Nº de páginas: 344
Editora: Companhia das Letras
Série/Saga: -
Nota: 4/5













“...os que morreram estão mortos e não lhes faz diferença serem homenageados. É para nós, os vivos, que isso significa alguma coisa. A memória não tem utilidade nenhuma aos que ela honra, mas serve quem a busca. Com ela me construo, e com ela me consolo.”
A 2º Guerra Mundial é um dos acontecimentos histórias mais fascinantes da história da humanidade. A literatura, então, tem se ocupado de forma bastante insistente na tradução desse período – tanto a ficção quanto a não ficção. Os relatos se reproduzem aos montes. Com isso, embora seja realmente difícil esgotar o tema, nada impede que ele se torne, de algum modo repetitivo. A literatura tem que assim por a criatividade em marcha e tentar atrair o leitor para um mesmo assunto, todavia com uma abordagem menos convencional. Creio que certamente é este o intuito de HHhH. Devo dizer, Binet foi bem sucedido.
“Heydrich é o protótipo do nazista perfeito: alto cruel, totalmente obediente e de uma eficiência mortal.”
HHhH é a acrônimo alemão para o cérebro de Himmler se chama Heydrich. Nessa história conhecemos o desenrolar da Operação Antropóide, que se destinava a executar um dos maiores representantes do horror nazista: Reinhard Heydrich, também conhecido como o açougueiro de Praga, ou o homem mais perigoso do Reich.

Para chegar a esse ponto Binet primeiro nos insere nas teias de Heydrich. É preciso conhecer o alvo. Perceber sua evolução, a forma como ele galga os degraus dentro do regime, ocupando a função de chefe da Gestado e segundo homem no comando da temida SS, até alcançar a posição de protetor da Boêmia-Morávia.

É também preciso conhecer a história da resistência e perceber como dois homens resolvem colocar a sua vida a disposição de seu país, para infringir um possível golpe ao regime nazista e mostrar que a resistência tcheca ainda vive.  Assim conhecemos Jan Kubiš e Jozef Gabcík, os responsáveis imediatos pela Operação Antropóide.

Poderia ser mais uma trama acerca de uma das infindáveis operações executadas durante o conflito. É claro que o é. Mas não somente. Nesse ponto Binet mostra sua qualidade enquanto escritor, apresentando sua história de uma forma diferente, curiosa e inteligente. O autor não se restringe a tarefa de descrever os fatos, Binet intervém nos acontecimentos e aí acontece um processo de fusão no qual a realidade e a inventividade são tenuamente discerníveis. Não apenas na (re)criação de cenas, Binet também se faz presente na narrativa. O leitor é apresentado às perspectivas do autor, suas dúvidas, seu fascínio pelos acontecimentos e por seus personagens reais.

Essa qualidade criativa se junta também ao relato histórico. Ainda que o autor faça suas intervenções históricas, nada compromete a apresentação do cenário sufocante que é a guerra e os diferentes círculos que nela se formam. O foco dado à figura de Heydrich não restringe o cenário do autor. Percebemos não apenas a presença dessa figura central no regime, também somos levados ao interior dos quadros nazistas, a seus monstros ilustres (Himmler, Göring, Eichman, Hitler e companhia limitada). Binet, então, faz cotejar ainda os acontecimentos históricos que têm lugar em sua narrativa. A solução final, os horrores e erros cometidos pelo regime.

Com isso, Laurent Binet constrói uma história com um ritmo atraente, seus personagens (não seus na verdade, mas é como se fossem) acabam por atrair o interesse do leitor. O desenrolar dos acontecimentos aproxima o leitor dos atores envolvidos e até o desfecho final, embora, talvez, já o saibamos, Binet consegue entreter. Admirável, sem mais.

“A história é a única verdadeira fatalidade: pode-se relê-la em todos os sentidos, mas não se pode reescrevê-la.”

sábado, 22 de fevereiro de 2014

Quote #1

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“Acho difícil falar sobre mim mesmo. Sempre tropeço no eterno paradoxo quem sou eu? Claro, ninguém conhece tantos dados sobre mim quanto eu. Mas quando falo de mim mesmo, todo tipo de outros fatores – valores, padrões, minhas próprias limitações como observador – faz, a mim, o narrador, selecionar e eliminar coisas sobre mim, o narrador. Sempre me perturbou o pensamento de que não estou pintando um quadro muito objetivo de mim mesmo.” 

Minha querida Sputnik, Haruki Murakami


segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

A Fera Interior (Lotte e Soren Hammer)

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Autor: Lotte e Soren Hammer
Nº de páginas: 448
Editora: Vertigo
Série/Saga: Konrad Simonsen #1
Nota: 4/5










“As mãos de todos tinham sido amputadas, mas os antebraços estavam intactos desde o cotovelo até o punho. As faces estavam desfiguradas. As genitálias também foram mutiladas - de forma a ficarem irreconhecíveis - ou arrancadas. A morte e os ferimentos davam aos homens uma aparência muito semelhante, como se os traços físicos próprios de cada um não existissem. Simonsen sabia que depois de examiná-los mais minuciosamente, a individualidade de cada um iria reaparecer.” 
A Fera Interior é o primeiro romance policial dos irmãos Hammer. Em sua estreia os irmãos trazem um assunto delicado na Dinamarca, a pedofilia.

Assassinato em massa. Cinco corpos são encontrados em uma escola enforcados e  brutalmente mutilados – castrados. O inspetor chefe Konrad Simonsen é chamado para tratar do caso. Ao que tudo indica os crimes foram uma execução. As vítimas foram metodicamente selecionadas e executadas. A motivação ainda parece ser um mistério. Mas de súbito começam a correr rumores de que o crime foi uma vingança contra pedófilos. Simonsen e sua equipe não tem como confirmar a informação, afinal, os corpos sequer foram identificados. Mesmo assim o rumor ganha força.

De repente o país entra em uma mobilização sem precedentes. Publicitários, campanhas midiáticas, a população todos estão em alvoroço, e o único interesse das pessoas é ver as leis dinamarquesas se tornarem duramente rígidas em relação aos crimes de pedofilia. Com esse cenário, o trabalho da polícia se torna muito difícil. Quase nenhum cidadão está disposto cooperar com a polícia; eles não querem que o assassino, que assumiu status de justiceiro, seja preso. Para agravar a situação, vídeos envolvendo pedófilos e os assassinatos são vazados para a mídia. A situação se torna cada vez mais complicada.

Simonsen se vê em uma posição vulnerável, a opinião pública conspira contra ele, a mídia reforça o furor da massa e acusa a polícia. Ainda assim, o velho detetive está disposto a encontrar os assassinos. Para ele o que importa é que um crime foi cometido, cinco pessoas foram brutalmente assassinadas, e não importa qual seja a justificativa. Muitas pessoas não compartilham da mesma opinião do policial.


O trabalho de Hammer&Hammer trata de uma tema extremamente delicado, e, certamente, não apenas para a Dinamarca. Nesse sentido, os autores tocam um ponto sensível: é legítimo fazer justiça com as próprias mãos? E sobre esse aspecto reside um grande mérito de A fera interior. Os autores não apenas entregam ao leitor uma trama policial densa, mas conseguem avançar envolvendo aspectos de implicação legal e moral. E quanto a isso o livro tem uma abordagem que impede com que o leitor permaneça neutro. É praticamente impossível não se comprometer com a leitura.


sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Minha querida Sputnik (Haruki Murakami)

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Autor: Haruki Murakami
Nº de páginas: 232
Editora: Alfaguara
Série/Saga: -
Nota: 4/5











“No mundo em que vivemos, o que conhecemos e o que não conhecemos são como irmãos siameses, inseparáveis, existindo em um estado de confusão.”

Minha primeira incursão pela produção de Murakami ocorreu através do livro Do que eu falo quando falo de corrida; um compilado de ensaios e artigos em que o autor discorre sobre a prática de corrida e sua produção literária – elementos que parecem indissociáveis. Foi uma leitura rápida e só fez aumentar a minha curiosidade de ler um romance do autor. De forma que minha iniciação na prosa de Mukarami ocorreu com Minha querida Sputnik.

Sumire, 22 anos, é uma garota que sonha em um dia se tornar uma grande romancista. Para perseguir seu objetivo ela abandonou a faculdade e resolveu passar tanto tempo quanto o possível escrevendo aquela que viria a ser sua grande obra. Ainda na faculdade ela conheceu K, o narrador. Sumire e K têm uma relação muito próxima. O elemento que os uniu inicialmente foi o interesse literário – ambos são leitores assíduos. Assim, eles vão tecendo uma amizade que chega a um ponto de compreensão mútua nem sempre observado. Para Sumire, K é um amigo especial, em quem ela pode confiar tudo, particularmente seus escritos. Já K vê em Sumire uma amiga, mas ele nutre por ela também um sentimento amoroso, não correspondido.

Sumire tem certos problemas com suas relações amorosas, embora já tenha tido alguns relacionamentos ela nunca se viu realmente comprometida. Essa situação muda quando ela conhece Miu. Isso ocorre durante a festa de casamento do primo de Sumire. O contraste entre ambas é evidente: Mil é 17 anos mais velha, uma mulher requintada, já Sumire impressiona com sua simplicidade. Apesar de tudo, as duas acabam se entendendo. E enquanto Miu simpatiza por Sumire, esta se vê as voltas com um sentimento por Miu que até então ela não havia experimentado. E se entre Sumire e K a literatura é o elemento de aproximação, entre ela e Miu será o fascínio pela música clássica.

Depois disso, Miu convida Sumire para que ela possa trabalhar com ela. Em seguida uma viagem é empreendida e então começa a ter lugar os elementos fantásticos que caracterizam as tramas de Murakami. Um evento não explicado, um ocorrência fantástica, e questionamentos sem resposta se põem em evidência.

A primeira coisa que me fez gostar desse livro foram os personagens. Sumire assume o ar daquele tipo de personagem algo autentica e exótica; K é um homem que guarda um sentimento não correspondido, mas vive em uma solidão permanente, em que Sumire é quem parece compensar esse vazio; Mil é uma mulher madura, que reserva um passado que a transformou profundamente. O trio vem assessorado de uma prosa que conserva uma leveza, sensibilidade e cuidado notáveis. 

“Porque as pessoas têm de ser tão sós? Qual o sentido disso tudo? Milhões de pessoas neste mundo, todas ansiando, esperando que os outros as satisfaçam, e contudo se isolando. Por quê? A terra foi posta aqui só para alimentar a solidão humana.”
Minha querida Sputnik é um livro acima de tudo agradável. Isso porque Murakami sustenta sua história em personagens que interessam ao leitor, em conformidade com uma prosa lírica perceptível. Ainda que seja importante dizer que o livro traz questões incomodas, como a solidão.

Resta-me dizer que Murakami é um autor especial. O fato de estar, já há algum tempo, entre os favoritos do prêmio Nobel não parece ser injustificado.
“No avesso de tudo que acreditamos identificar perfeitamente, esconde-se uma quantidade igual do desconhecido. O entendimento não passa da soma de nossos mal-entendidos.”