Muito em breve os
leitores poderão se aventurar novamente com Robert Langdon, sim, ele logo
estará de volta. Em seu mais recente livro, “Inferno”, Dan Brown, retorna com
mais uma história envolvendo o simbologista Robert Langdon. O cenário é mais
uma vez a famosa paisagem italiana, a cidade de Florença, e para deixar tudo
mais interessante à pedra angular da obra é o poema “A Divina Comédia”, de Dante.
No Brasil, o livro
será lançado pela editora Arqueiro, com previsão de lançamento para 6 de junho.
E para aguçar o interesse dos fãs e leitores, a Livraria da Folha publicou um
trecho.
O livro também já
está em pré-venda, na Submarino.
Confira a seguir uma
prévia do que estar por vir.
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Os lugares mais
sombrios do Inferno são reservados àqueles que se mantiveram neutros em tempos
de crise moral.
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Fatos
Todas as
referências históricas e obras de arte, literatura e ciência citadas neste
romance são reais.
"O
Consórcio" é uma organização secreta com escritórios em sete países. Seu
nome foi modificado por questões de segurança e privacidade.
Inferno é o mundo
inferior que Dante Alighieri retrata no poema épico A Divina Comédia como um
reino de estrutura complexa povoado por entidades conhecidas como
"sombras" - almas desencarnadas presas entre a vida e a morte.
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P R Ó L O G O
Eu sou a Sombra.
Pela cidade
atormentada, eu fujo.
Pela eterna
desolação, corro para escapar.
Pelas margens do
rio Arno, sigo desabalado, ofegante... Viro à esquerda na Via dei Castellani e
sigo em direção ao norte, abrigando-me nas sombras da Galleria degli Uffizi.
Mesmo assim eles
continuam a me perseguir.
Então, à medida
que me caçam com uma determinação implacável, o som de seus passos vai ficando
mais alto.
Há anos sou
perseguido por eles. Sua persistência me manteve na clandestinidade, forçou-me
a viver no purgatório, agindo debaixo da terra qual um monstro ctônico.
Eu sou a Sombra.
Aqui, na
superfície, ergo meu olhar para o norte, mas não consigo encontrar um caminho
direto para a salvação, pois os montes Apeninos bloqueiam os primeiros raios de
sol da alvorada.
Passo atrás do
palazzo com sua torre com ameias e seu relógio de um ponteiro só... Em
zigue-zague, avanço por entre os comerciantes madrugadores na Piazza Di San
Firenze. Quando falam com suas vozes roucas, sinto seu hálito, que recende a
lampredotto e azeitonas assadas. Atravessando em frente ao Bargello, dobro
novamente à esquerda em direção à torre da Badia e me jogo com força contra o
portão de ferro ao pé da escada.
Aqui, toda e
qualquer hesitação deve ser abandonada.
Giro a maçaneta e
entro no corredor. Sei que não haverá volta. Instigo minhas pernas pesadas como
chumbo a galgarem a escadaria estreita, com seus degraus de mármore esburacados
e gastos subindo em espiral rumo ao céu.
As vozes ecoam lá
de baixo. Suplicantes.
Eles estão atrás
de mim, irredutíveis, cada vez mais perto.
Não entendem o que
está por vir... tampouco o que fiz por eles!
Terra ingrata!
Enquanto subo, as
visões me vêm com toda a força... os corpos libidinosos se contorcendo sob a
chuva de fogo, as almas dos glutões flutuando em excremento, os traidores
infames congelados nas garras gélidas de Satanás.
Venço os últimos
degraus e chego ao topo cambaleando, à beira da morte; saio para o ar úmido da
manhã. Corro até o muro que se ergue à altura da minha cabeça e espio pelas
frestas. Lá embaixo estende-se a cidade abençoada que tornei meu santuário
contra aqueles que me exilaram.
As vozes me
chamam, aproximando-se por trás de mim.
- O que você fez é
uma loucura!
Loucura gera
loucura.
- Pelo amor de
Deus - gritam eles -, diga-nos onde a escondeu!
É exatamente pelo
amor de Deus que não direi.
Aqui estou, encurralado,
as costas contra a pedra fria. Eles olham no fundo dos meus olhos verdes e
límpidos, e seus rostos ficam carregados: sua expressão, antes persuasiva,
agora é ameaçadora.
- Você sabe que
temos nossos métodos. Podemos forçá-lo a nos contar onde está.
Por isso subi
metade do caminho até o Céu.
Sem aviso, eu me
viro e ergo os braços, agarrando o parapeito alto com os dedos, içando meu
corpo, ajoelhando-me às pressas em cima do muro. Depois me ponho de pé...
oscilo à beira do precipício. Seja o meu guia, caro Virgílio, enquanto
atravesso o vazio.
Eles disparam à
frente, incrédulos, querendo agarrar meus pés, mas temendo que eu perca o
equilíbrio e caia. Com um desespero contido, começam a implorar, mas eu já lhes
dei as costas. Sei o que devo fazer.
Lá embaixo, a uma
distância vertiginosa, telhas vermelhas se espalham como um mar de fogo pelo
campo... iluminando a bela terra um dia povoada por gigantes... Giotto,
Donatello, Brunelleschi, Michelangelo, Botticelli.
Aproximo os dedos
dos pés da beirada.
- Desça! - gritam
eles. - Ainda há tempo!
Ó, ignorantes
obstinados! Por acaso não conseguem ver o futuro? Não conseguem entender o
esplendor da minha criação? Como ela é necessária?
É com prazer que
faço este último sacrifício... e com ele extinguirei suas últimas esperanças de
encontrar o que buscam.
Vocês jamais
conseguirão localizá-la a tempo.
Centenas de metros
lá embaixo, a piazza de paralelepípedos me chama como um oásis de serenidade.
Como eu gostaria de ter mais tempo... Porém esse é o único bem que nem mesmo
minha enorme fortuna pode comprar.
Nestes últimos
segundos, baixo os olhos em direção à piazza e vislumbro algo que me deixa
perplexo.
Vejo o seu rosto.
Em meio às
sombras, você tem os olhos erguidos para mim. Estão pesarosos, mas neles também
percebo reverência pelo que fui capaz de fazer.
Você entende que
não tenho escolha. Por amor à humanidade, devo proteger minha obra-prima.
Neste exato
momento, ela cresce... à espera... fervilhando sob as águas rubras de sangue da
lagoa que não reflete as estrelas.
Então tiro meus
olhos dos seus e contemplo o horizonte. Muito acima deste mundo oprimido, faço
minha última súplica.
Queridíssimo Deus,
rogo-lhe que o mundo se lembre do meu nome não como um pecador monstruoso, mas
como o salvador glorioso que o Senhor sabe que na verdade sou. Rogo que a
humanidade entenda o presente que deixo.
Meu presente é o
futuro.
Meu presente é a
salvação.
Meu presente é o
Inferno.
Com essas
palavras, sussurro amém... e dou o último passo para mergulhar no abismo.
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Dan Brown é um
autor que tenho em alta conta. Então, só posso dizer que aguardo ansiosamente
por mais uma de suas excelentes histórias. E vocês?
Fonte: Livraria da Folha