Livro: A Metamorfose
Autor: Franz Kafka
Nº de páginas: 96
Editora: Companhia das letras
Série/Saga: -
Nota: 4/5
A
Metamorfose é uma das novelas mais famosas do aclamado Franz Kafka. É um livro
que apesar da escassez de páginas justifica sua posição, é uma leitura sem
sombras de dúvidas, peculiar.
Essa
peculiaridade encontra o leitor logo nas primeiras páginas. Gregor Samsa é um
caixeiro-viajante que há algum tempo atua nessa profissão com o intuito de
quitar dividas da família e quem sabe construir seu futuro. Mas, em uma bela
manhã seus planos são curiosamente interrompidos, e ele se vê impossibilitado
de ir trabalhar.
A
causa de tamanha obstrução é que ele acordou metamorfoseado em um inseto. No
entanto, apesar de sua situação desconcertante, ele não perdeu a consciência,
em seu interior ele ainda é o caixeiro-viajante Gregor Samsa.
Contudo,
se sua consciência não foi maculada pela transformação, sua aparente humanidade
não teve a mesma sorte, sua capacidade de locomoção, e, em especial, de
comunicação foi varrida.
Gregor,
mesmo diante de tal infortúnio consegue encarar a situação com uma
tranquilidade notável, ele ainda se preocupa com os preparativos para ir
trabalhar e busca contornar os reveses de sua nova situação. Porém, sua família
não parece compartilhar da mesma serenidade. E é ai que vamos passar algumas
páginas entre as reminiscências de um insento-homem incapaz de se comunicar, e
uma família que pouco compreende o infortúnio que se abateu sobre o filho
prodígio.
Se
á trama parece ser diferente, basta começar a ler para desejar chegar às
últimas páginas e reconhecer as alterações e os impactos rumo ao desfecho.
Nesse ponto a história assume um caráter particularmente atraente. Tudo se
passa dentro das fronteiras da casa da família Samsa, especificadamente, no
quarto de Gregor e na sala da casa. As mudanças que começam a operar logo que
Gregor se apresenta para a família seguem um rumo inesperado. Mas é a
humanidade contida no consciente de Gregor que faz de “A Metamorfose” um trunfo
novelístico.
A
forma como Kafka evidencia o estado de apatia diante da necessidade do rapaz de
comunicação, e mesmo seus pensamentos claramente humanos, tudo isso em
confronto com os instintos que agora lhe são inerentes, desde a mudança
alimentar aos novos hábitos de locomoção. É essa consciência diante de um mundo
que não pode compreendê-lo que o torna um personagem cativante.
Gregor
Samsa tornou-se em sua monstruosidade, incompreensível para o mundo, em
detrimento de todos os esforços por
aceitação de sua humanidade contida.
A
narrativa é agradável à trama ao mesmo tempo diferente e cativante. Quanto ao
final, não sei bem como me posicionar, sendo sua execução tão súbita quanto o
início. Mas acima de tudo “A metamorfose” foi uma agradável experiência. Por
hora, aguardo por mais narrativas kafkanianas.