Livro: Playback –
Para sempre ou nunca mais
Autor: Raymond Chandler
Nº de
páginas: 174
Editora: L&PM
Série/Saga: Philip Marlowe
Nota: 4/5
"Tenho amigos que poderiam cortá-lo em pedaços tão
pequenos que você precisaria de uma escada para
calçar os sapatos. – Já teve gente que deu o melhor
de si para fazer isso – eu disse. – Infelizmente o esforço
não substitui o talento."
Acredito que
não restam dúvidas de que este blogueiro que vos fala é um fã incondicional do
gênero policial. Mas falar desse gênero nem sempre é uma tarefa fácil. Isso
ocorre devido a uma série de subgêneros que nele se encerram, abarcando uma
enorme variedade de estilos. Dentre os vários existentes, uma vertente que goza
de grande prestígio e publicidade é a noir. E entre os grandes representantes
desse gênero, está um daqueles que contribuiu na gestação do policial noir,
Raymond Chandler.
Em Playback, o famoso Philip Marlowe é contratado por um escritório de
advocacia com o objetivo de seguir e informar a localização de uma ruiva
misteriosa. Ao que tudo indica, o nome da senhorita em questão é Betty
Mayfread, o que pode-se se mostrar uma informação questionável.
Durante a execução de sua missão, novos personagens começam a interagir
com os acontecimentos, e Marlowe, com toda a sua experiência, desconfia de que
foi colocado em um trabalho com objetivos nebulosos, e passa a buscar respostas
que fogem ao escopo do que lhe foi designado. Quebra de protocolo parece ser
uma característica inerente ao calejado detetive.
Philip Marlowe - firstlightforum |
Marlowe cada vez mais se vê entregue em uma história que aguça e desperta seu espírito investigativo, e está disposto a chegar às últimas informações e desvendar o caso. Isso se torna cada vez mais difícil, quando ele se vê enredado em uma cidadezinha chamada Esmeralda, onde uma leva de pessoas bastante interessadas converge.
Philip
Marlowe é uma figura sem sombra de dúvidas interessante. Para mim foi uma ótima
experiência. Mesmo porque, minha noção de clássico policial ia até aquilo que a
Rainha do mistério, Agatha Cristhie, oferece. Mas Candler, - e a própria
tradição noir - promove e executa uma inflexão com a tradição “crime
mistério” abordada por Agatha e outros. Marlowe é um tipo de detetive bem
diferente de Hercule Poirot, por exemplo. Enquanto
este é um tipo bastante polido, possuidor de um raciocínio lógico e dedutivo
competente. Philip Marlowe é de outro gênero, com ele não funcionam os
mesmos artifícios, o que se executa é uma falta de sutileza e subversão de
protocolos. Em suma, um “detetive ostensivo”.
A
comparação não é motivada para provar a supremacia de um subgênero sobre o outro, pelo
contrário, são vertentes diferentes, e não se coloca aqui qualquer comparação
estrita. Válido é constatar um romance policial construído no momento pós-crise
de 1929, que apresenta um tipo de detetive mais próximo da realidade, das
condições menos sofisticadas. Um modelo que resolve seus problemas de forma
mais direta, para não dizer combativa. E se aproveita, a todo momento, das
possibilidades de se relacionar com uma bela mulher.
Por tudo que foi dito, acredito que a leitura do policial noir é uma experiência pela qual qualquer fã do gênero deveria passar, ou mesmo aqueles desejosos de leituras interessantes.
"Não há sucesso onde não há possibilidade de falha,nenhuma arte sem a resistência do meio."