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segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

A Fera Interior (Lotte e Soren Hammer)

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Autor: Lotte e Soren Hammer
Nº de páginas: 448
Editora: Vertigo
Série/Saga: Konrad Simonsen #1
Nota: 4/5










“As mãos de todos tinham sido amputadas, mas os antebraços estavam intactos desde o cotovelo até o punho. As faces estavam desfiguradas. As genitálias também foram mutiladas - de forma a ficarem irreconhecíveis - ou arrancadas. A morte e os ferimentos davam aos homens uma aparência muito semelhante, como se os traços físicos próprios de cada um não existissem. Simonsen sabia que depois de examiná-los mais minuciosamente, a individualidade de cada um iria reaparecer.” 
A Fera Interior é o primeiro romance policial dos irmãos Hammer. Em sua estreia os irmãos trazem um assunto delicado na Dinamarca, a pedofilia.

Assassinato em massa. Cinco corpos são encontrados em uma escola enforcados e  brutalmente mutilados – castrados. O inspetor chefe Konrad Simonsen é chamado para tratar do caso. Ao que tudo indica os crimes foram uma execução. As vítimas foram metodicamente selecionadas e executadas. A motivação ainda parece ser um mistério. Mas de súbito começam a correr rumores de que o crime foi uma vingança contra pedófilos. Simonsen e sua equipe não tem como confirmar a informação, afinal, os corpos sequer foram identificados. Mesmo assim o rumor ganha força.

De repente o país entra em uma mobilização sem precedentes. Publicitários, campanhas midiáticas, a população todos estão em alvoroço, e o único interesse das pessoas é ver as leis dinamarquesas se tornarem duramente rígidas em relação aos crimes de pedofilia. Com esse cenário, o trabalho da polícia se torna muito difícil. Quase nenhum cidadão está disposto cooperar com a polícia; eles não querem que o assassino, que assumiu status de justiceiro, seja preso. Para agravar a situação, vídeos envolvendo pedófilos e os assassinatos são vazados para a mídia. A situação se torna cada vez mais complicada.

Simonsen se vê em uma posição vulnerável, a opinião pública conspira contra ele, a mídia reforça o furor da massa e acusa a polícia. Ainda assim, o velho detetive está disposto a encontrar os assassinos. Para ele o que importa é que um crime foi cometido, cinco pessoas foram brutalmente assassinadas, e não importa qual seja a justificativa. Muitas pessoas não compartilham da mesma opinião do policial.


O trabalho de Hammer&Hammer trata de uma tema extremamente delicado, e, certamente, não apenas para a Dinamarca. Nesse sentido, os autores tocam um ponto sensível: é legítimo fazer justiça com as próprias mãos? E sobre esse aspecto reside um grande mérito de A fera interior. Os autores não apenas entregam ao leitor uma trama policial densa, mas conseguem avançar envolvendo aspectos de implicação legal e moral. E quanto a isso o livro tem uma abordagem que impede com que o leitor permaneça neutro. É praticamente impossível não se comprometer com a leitura.


sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Minha querida Sputnik (Haruki Murakami)

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Autor: Haruki Murakami
Nº de páginas: 232
Editora: Alfaguara
Série/Saga: -
Nota: 4/5











“No mundo em que vivemos, o que conhecemos e o que não conhecemos são como irmãos siameses, inseparáveis, existindo em um estado de confusão.”

Minha primeira incursão pela produção de Murakami ocorreu através do livro Do que eu falo quando falo de corrida; um compilado de ensaios e artigos em que o autor discorre sobre a prática de corrida e sua produção literária – elementos que parecem indissociáveis. Foi uma leitura rápida e só fez aumentar a minha curiosidade de ler um romance do autor. De forma que minha iniciação na prosa de Mukarami ocorreu com Minha querida Sputnik.

Sumire, 22 anos, é uma garota que sonha em um dia se tornar uma grande romancista. Para perseguir seu objetivo ela abandonou a faculdade e resolveu passar tanto tempo quanto o possível escrevendo aquela que viria a ser sua grande obra. Ainda na faculdade ela conheceu K, o narrador. Sumire e K têm uma relação muito próxima. O elemento que os uniu inicialmente foi o interesse literário – ambos são leitores assíduos. Assim, eles vão tecendo uma amizade que chega a um ponto de compreensão mútua nem sempre observado. Para Sumire, K é um amigo especial, em quem ela pode confiar tudo, particularmente seus escritos. Já K vê em Sumire uma amiga, mas ele nutre por ela também um sentimento amoroso, não correspondido.

Sumire tem certos problemas com suas relações amorosas, embora já tenha tido alguns relacionamentos ela nunca se viu realmente comprometida. Essa situação muda quando ela conhece Miu. Isso ocorre durante a festa de casamento do primo de Sumire. O contraste entre ambas é evidente: Mil é 17 anos mais velha, uma mulher requintada, já Sumire impressiona com sua simplicidade. Apesar de tudo, as duas acabam se entendendo. E enquanto Miu simpatiza por Sumire, esta se vê as voltas com um sentimento por Miu que até então ela não havia experimentado. E se entre Sumire e K a literatura é o elemento de aproximação, entre ela e Miu será o fascínio pela música clássica.

Depois disso, Miu convida Sumire para que ela possa trabalhar com ela. Em seguida uma viagem é empreendida e então começa a ter lugar os elementos fantásticos que caracterizam as tramas de Murakami. Um evento não explicado, um ocorrência fantástica, e questionamentos sem resposta se põem em evidência.

A primeira coisa que me fez gostar desse livro foram os personagens. Sumire assume o ar daquele tipo de personagem algo autentica e exótica; K é um homem que guarda um sentimento não correspondido, mas vive em uma solidão permanente, em que Sumire é quem parece compensar esse vazio; Mil é uma mulher madura, que reserva um passado que a transformou profundamente. O trio vem assessorado de uma prosa que conserva uma leveza, sensibilidade e cuidado notáveis. 

“Porque as pessoas têm de ser tão sós? Qual o sentido disso tudo? Milhões de pessoas neste mundo, todas ansiando, esperando que os outros as satisfaçam, e contudo se isolando. Por quê? A terra foi posta aqui só para alimentar a solidão humana.”
Minha querida Sputnik é um livro acima de tudo agradável. Isso porque Murakami sustenta sua história em personagens que interessam ao leitor, em conformidade com uma prosa lírica perceptível. Ainda que seja importante dizer que o livro traz questões incomodas, como a solidão.

Resta-me dizer que Murakami é um autor especial. O fato de estar, já há algum tempo, entre os favoritos do prêmio Nobel não parece ser injustificado.
“No avesso de tudo que acreditamos identificar perfeitamente, esconde-se uma quantidade igual do desconhecido. O entendimento não passa da soma de nossos mal-entendidos.”


sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Não Brinque com Fogo (John Verdon)

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Autor: John Verdon
Nº de páginas: 400
Editora: Arqueiro
Série/Saga: Dave Gurney 3
Nota: 4,5/5










“Não acorde o diabo”
Tenho que começar por dizer que John Verdon é um dos meus autores policiais preferido. Gosto do trabalho que o autor executou em Eu Sei o que você estápensando e Feche Bem os Olhos, ambos da série do detetive Dave Gurney. Não Brinque com fogo é a terceiro caso do detetive.

Dave Gurney é requisitado para ajudar uma velha amiga. Sua filha, Kim, está desenvolvendo um projeto sobre casos de assassinato não solucionados, intitulado os Os órfãos do assassinato. A tarefa de Gurney é assessorar a jovem com questões técnicas acerca de crimes e coisas afins. Importante também é o fato de que o trabalho foi selecionado para ser apresentado em um canal de televisão sensacionalista de sucesso.

Mas não é somente isso. Coisas estranhas têm acontecido na casa de Kim, ponto para o qual Gurney também foi direcionado. Objetos são trocados de lugar, facas desaparecem misteriosamente e depois ressurgem em locais improváveis. Ao que tudo indica as ocorrências são fruto de um relacionamento recém encerrado e um ex-namorado instável.

Gurney então decide ajudar Kim. Mas para tanto ele precisa se familiarizar com o caso. Trata-se dos assassinatos realizados pelo criminoso autodenominado Bom Pastor. O criminoso executou seis vítimas, que dirigiam Mercedes pretos em estradas isoladas e enviou um manifesto as autoridades declarando seus objetivos. Depois dos crimes, ocorridos há dez anos, o criminoso desapareceu sem deixar vestígios. Na época, foi construído um perfil psicológico do assassino unanimamente aceito. Contudo, após se familiar com os documentos sobre o Bom Pastor, o detetive começa a perceber inconstâncias no perfil traçado. E para provar sua tese terá de enfrentar a consagrada pelo próprio FBI. Além de tudo isso, os acontecimentos estranhos envolvendo Kim passam a fazer parte da vida de Gurney; até que seu celeiro é incendiado e ele sofre um acidente em um porão. E pode ser que o Bom Pastor resolva retornar.

Dave Gurney é o tipo que não consegue lidar com questões irresolutas. Mesmo após se aposentar, o detetive já se envolveu em dois casos – Melerry e Perry. Diante do Bom Pastor ele segue o mesmo ímpeto, e as obstruções só servem para fortalecê-lo. Porém, Gurney não é mais o mesmo. Os acontecimentos do caso Perry, e as seqüelas físicas ainda não totalmente curadas, lhe impuseram certos limites e evidenciaram sua vulnerabilidade. Com isso, vemos um Gurney mais impulsivo, amplamente mais raivoso e, de certo modo, depressivo. Ainda assim, o detetive não perde a fé em sua capacidade analítica.

E esse é um dos aspectos que mais gosto do trabalho de Verdon, o caráter eminentemente analítico. Os livros do autor, mesmo contemplado a ação e outros aspectos necessários, são constituídos de elementos de análise ressaltados. Dave é um detetive brilhante que trabalha com um raciocínio preciso. De modo que vemos casos serem delicadamente expostos até a solução inteligente. Além dessa característica, e também por ela, Gurvey é um dos detetives mais capazes que conheço. Sem falar que é um personagem de grande consistência. E falando em personagens, Dave será novamente assessorado pelo seu “parceiro”, o incontinente, Jack Hardwick, e pela sua inteligente esposa, Madeleine. Um novo personagem também surge, Kyle, o filho com quem o detetive tem uma relação difícil.

Está montada a estrutura. E como sempre John Verdon conduz seu trabalho com excelência. Um caso nebuloso, um detetive perspicaz, e, de grande importância, um criminoso de inteligência equivalente.

Um aspecto que acho importante ressaltar é que embora séries policiais possam ser lidas de forma “independente”, creio que a leitura da série Dave Gurney na seqüência é de elevada importância para que se apreenda toda a complexidade do detetive e se aprecie a qualidade do trabalho de Verdon. 



segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Promoção Esconda-se

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A primeira promoção de 2014 é do livro Esconda-se, de Lisa Gardner. Ùltimo lançamento da autora no Brasil, o livro traz uma trama permeada por suspense.  Participe da promoção em parceria com a Novo Conceito.

Confira a resenha do livro AQUI.



Disposições gerais:

1) Ser seguidor público do blog pelo Google Friend Connect.
2) Ser residente no Brasil.
3) Demais informações nos Termos e Condições do Formulário.



a Rafflecopter giveaway

Atualização

A vencedora da promoção foi a Adriana Oliveira. Obrigado a todos pela participação. 

Conforme disposição das regras a vencedora tem até dois dias para responder o e-mail enviando, caso contrário será realizado novo sorteio. 

Esconda-se (Lisa Gardner)

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Autor: Lisa Gardner
Nº de páginas: 400
Editora: Novo Conceito
Série/Saga: D. D. Warren
Nota: 4/5










“Os corpos eram pequenos. Estavam nus. Eram femininos. Crianças, simples crianças, encolhidas dentro de sacos de lixo claros dos quais jamais escapariam.” p. 30
Lisa Gardner já mostrou sua competência na construção de intricadas tramas policiais. Isso foi demonstrado em Viva para contar e Sangue na neve. Em Esconda-se não foi diferente.

Annabelle Granger cresceu fugindo. Desde seus 7 anos de idade ela e seus país começaram uma inexplicável fuga de um fantasma que ela não conseguiu desvendar. Vivendo em diversas cidades sobre diferentes identidades. Durante esse tempo a jovem, e depois mulher, foi treinada para desconfiar de tudo e de todos, e treinada para reagir em situações de ataque. Annabelle se preparou a vida toda para enfrentar um medo obscuro. Agora, 25 anos depois de uma trajetória de fuga desesperada, com pai e mãe mortos, Annabelle Granger vê uma notícia no jornal. Ela está morta.

A Detetive D. D. Warren, Sargento do Departamento de Policia de Boston, se encontra em uma cena de crime aterradora. Num antigo sanatório desativado em uma câmara subterrânea foram encontrados 6 corpos de meninas. Todos submetidos à técnica de mumificação molhada, na qual os corpos se preservam em sacos plásticos nos seus próprios fluidos. Entre as vitimas, uma carrega um pingente, o nome inscrito é Annabelle Granger.

D. D. convoca um amigo, o agente Booby Dodge, da polícia estadual. Dodge esteve envolvido durante os anos 1980 com Umbrio, um assassino que tinha um modus operandi parecido com o caso recém descoberto pela polícia. Mas o caso não parece fácil. Perguntas sem resposta se avolumam. Qual a relação dos corpor recém descobertos com Umbrio? Como o nome de Annabelle Granger foi aparecer em um dos corpos? E, mais importante, qual a relação de Annabelle Granger com o caso?

A escassez de respostas leva a polícia a atirar para todos os lados. Investigação no estilo metralhadora. Annabelle é trazida para o caso. Os propósitos de fuga do seu pai começam a ser questionados. É preciso descobrir do que o pai de Annabelle fugiu durante todo esse tempo.

Esse é o cenário de Esconda-se. D. D. está implacável para solucionar o mistério. Está disposta a colocar em questão cada informação que tiver disponível. Um labirinto difícil de ser desvendado se colocado diante da sargento.

Existe a idéia de que romances policiais podem ser lançados de forma independente. Em alguns casos realmente não há um comprometimento muito grande. Mas no caso desse livro me incomodei um pouco com o retrocesso comportamental da D. D.. Na seqüência de lançamentos nacionais, o penúltimo livro lançado foi Sangue na Neve, o 4º da série.  Ali D. D. tinha evoluído há um estágio que notei retrocedido em Esconda-se, 2º livro da série. Nada que comprometa do mistério.

Em Esconda-se Lisa Gardner traz sua fórmula de personagens femininas fortes, a seu modo vulneráveis, e confrontadas por mistérios e perigos. Uma detetive competente, decidida, acompanhada de um elenco notável. Vale a pena conhecer esse e outros trabalhos da autora.