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terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Esboço de um projeto de leitura

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Definitivamente eu não sou muito bom com metas literárias. O processo que adoto para escolher a leitura seguinte, geralmente, é aleatório. Observo minha estante, ou uma pilha de livros e, conforme meu humor, decido qual livro irei ler.

Bem, mas quando há uma série de livros a serem lidos, e uma lista ainda mais extensa, criar metas de leitura flexíveis e limitadas não parece ser uma alternativa impossível de executar. Nesse sentido, resolvi esboçar algumas considerações acerca de qual serão algumas das leituras, ou autores destacados, para 2014.

Esse ano certamente foi especial. Conheci gêneros, autores, e expressões literárias das mais diversas. Isso acabou motivando certa necessidade de manter essa trajetória meio indefinida, algo exploratória e curiosa. Agora para 2014, pode-se definir algumas linhas gerais.

Kafka. Este é um autor que tenho no mais alto posto. A Metamorfose e Essencial Franz Kafka me proporcionam uma experiência inesquecível. De modo que Kafka terá papel ainda mais expressivo em 2014. Pretendo ler O Processo, Carta ao Pai, e o incompleto, O Castelo. E se possível for, essa lista será ampliada.

Outro autor que quero muito explorar é Truman Capote. Houve uma ocasião em que comecei a ler A Sangue Frio, sua obra mais importante, mas por algum motivo, que não se relaciona com a obra, não terminei. Deste então tenho sentido uma necessidade crescente de completar a leitura. Ainda vou acrescentar a Coletânea de Contos do autor publicado pela Companhia das Letras.

Raymond Chandler e Dashiell  Hammet. A dupla criadora do policial noir . Certamente dois dos maiores nomes da literatura policial do século XX. E verdadeiros cânones para a posteridade. Com tamanha importância, 2014 terá espaço especial para essas duas figuras. Do Chandler, este ano li PlayBack, e para o ano que vem tenho em vista A Irmãzinha, O Longo Adeus, A Simples Arte de Matar vol. 2, coleção de textos e contos. Hammet será destaque nos contos, com Tiros na Noite vol. 1 e 2 e O Grande Golpe.

Além disso, sendo mais ambicioso, e também mais vago, quero ler alguns clássicos pendentes. A literatura brasileira, contemporânea e clássica, supostamente será ampliada. E a literatura asiática será privilegiada por meio de Kazuo Ishiguro, Haruki Murakami, Jung Chang e outros que se fizerem precisos.


Basicamente isso será parte – e espero uma pequena parte – do que 2014 reserva em termos literários. É supérfluo dizer mais muitos livros/autores foram sumariamente ignorados. Mas trata-se de um esboço, que espero concretizar. 

segunda-feira, 1 de abril de 2013

A Metamorfose (Franz Kafka)

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Livro: A Metamorfose
Autor: Franz Kafka
Nº de páginas: 96
Editora: Companhia das letras
Série/Saga:  -
Nota: 4/5









A Metamorfose é uma das novelas mais famosas do aclamado Franz Kafka. É um livro que apesar da escassez de páginas justifica sua posição, é uma leitura sem sombras de dúvidas, peculiar.

Essa peculiaridade encontra o leitor logo nas primeiras páginas. Gregor Samsa é um caixeiro-viajante que há algum tempo atua nessa profissão com o intuito de quitar dividas da família e quem sabe construir seu futuro. Mas, em uma bela manhã seus planos são curiosamente interrompidos, e ele se vê impossibilitado de ir trabalhar.

A causa de tamanha obstrução é que ele acordou metamorfoseado em um inseto. No entanto, apesar de sua situação desconcertante, ele não perdeu a consciência, em seu interior ele ainda é o caixeiro-viajante Gregor Samsa.

Contudo, se sua consciência não foi maculada pela transformação, sua aparente humanidade não teve a mesma sorte, sua capacidade de locomoção, e, em especial, de comunicação foi varrida.

Gregor, mesmo diante de tal infortúnio consegue encarar a situação com uma tranquilidade notável, ele ainda se preocupa com os preparativos para ir trabalhar e busca contornar os reveses de sua nova situação. Porém, sua família não parece compartilhar da mesma serenidade. E é ai que vamos passar algumas páginas entre as reminiscências de um insento-homem incapaz de se comunicar, e uma família que pouco compreende o infortúnio que se abateu sobre o filho prodígio.

Se á trama parece ser diferente, basta começar a ler para desejar chegar às últimas páginas e reconhecer as alterações e os impactos rumo ao desfecho. Nesse ponto a história assume um caráter particularmente atraente. Tudo se passa dentro das fronteiras da casa da família Samsa, especificadamente, no quarto de Gregor e na sala da casa. As mudanças que começam a operar logo que Gregor se apresenta para a família seguem um rumo inesperado. Mas é a humanidade contida no consciente de Gregor que faz de “A Metamorfose” um trunfo novelístico.

A forma como Kafka evidencia o estado de apatia diante da necessidade do rapaz de comunicação, e mesmo seus pensamentos claramente humanos, tudo isso em confronto com os instintos que agora lhe são inerentes, desde a mudança alimentar aos novos hábitos de locomoção. É essa consciência diante de um mundo que não pode compreendê-lo que o torna um personagem cativante.

Gregor Samsa tornou-se em sua monstruosidade, incompreensível para o mundo, em detrimento de todos os esforços  por aceitação de sua humanidade contida.

A narrativa é agradável à trama ao mesmo tempo diferente e cativante. Quanto ao final, não sei bem como me posicionar, sendo sua execução tão súbita quanto o início. Mas acima de tudo “A metamorfose” foi uma agradável experiência. Por hora, aguardo por mais narrativas kafkanianas.