Autor: Herman
Koch
Nº de páginas: 256
Editora: Intrínseca
Série/Saga: -
Nota: 4/5
“É instinto: aquele que cai é fraco, aquele que está no chão é presa”
O Jantar faz parte da categoria de livros a que
pertence O Jardim de Cimento, de Ian McEwan. São tramas que para além de
sua aparente simplicidade escondem algo que desloca o leitor, nos leva de certo
modo a uma situação de desconcerto, perturbação. Mas bem, a comparação entre os
livros só se presta para evidenciar a impressão que eles podem imprimir no
leitor, em se tratando de suas tramas são caracteristicamente diferentes.
Um
jantar. Dois casais. Um problema. Essa é a premissa básica do livro. Paul e
Claire; Serge Latouch e Babete combinam de se reunir para tratar de uma questão
familiar. Mas ao que tudo indica, Paul, o narrador, não está muito contente com
o encontro. Parece que se dependesse
dele o jantar sequer ocorreria, na verdade. Contudo, sua esposa insiste que ele
participe. Quanto ao problema, de início não fica claro qual é a questão
central a ser tratada. E como um bom jantar, não se pode começar pelo prato
principal. É preciso antes, degustar a entrada.
Paul
é um personagem que não parece gozar da plenitude de suas faculdades mentais.
Primeiramente, ele tem certa má vontade com Serge, um misto de inveja com
ressentimento. Assim, o leitor é logo iniciado nas questões que perturbam o
narrador. E, a trama não se dedica apenas ao jantar, Paul nos leva por suas
memórias para que o leitor possa, em algum momento, compreender o que ali se
pretende tratar. E conforme o assunto vai se aproximando, a tensão à mesa de
jantar se eleva.
Esse
é o tipo de livro sobre o qual não se de deve contar muito. Há um perigo em se
entregar informações que só deveriam ser descobertas pelo leitor. Creio não ter
rompido esse limite.
“Claro que é terrível, todos aprendemos a dizer que achamos terrível, mas um mundo sem desastre e violência – seja violência da natureza ou a de músculos e sangue – seria algo realmente insuportável.”
O
jantar se trata de um livro que assume certo aspecto experimentalista. Gosto
disto. Pelo menos, é uma história bem particular. As implicações a que se chega
durante a discussão, obrigatoriamente, se aproximam de questionamentos morais.
O leitor poderá se chocar com decisões de todo questionáveis, moral e
eticamente. O que se sucede é um problema sem respostas fáceis, até onde vão,
ou devem ir, os limites entre a proteção e a indulgência? Será certo sacrificar
interesses de terceiros em proveito próprio?
O
livro não põe essas questões em evidência, mas elas surgem conforme o circo se
constrói. E o leitor é confrontado por personagens que assumem posições que
embora eles tentem justificar parecem ser inadequadas, na melhor das hipóteses.
É nesse aspecto que reside o brilhantismo do livro, personagens instáveis, um
cenário de certo modo simples e uma problemática aterradora. A união desses
elementos compõe o cerne de O jantar.
E
é importante fazer notar que o autor sabe descrever de forma adequada e
transmitir a impressão do que se passa no jantar. Um jantar que se assemelha a algum
palco de horrores.
Em
resumo, O jantar é um livro que fornece ao leitor uma experiência incomoda e
submergível. É impossível não se comprometer com a leitura.
Evellyn · 724 semanas atrás
E tb tem um filme que quero ver ^^
bjs
Juan Warley 71p · 724 semanas atrás
Kate · 724 semanas atrás
http://conversandocomdragoes.blogspot.com/
Lara · 724 semanas atrás
Juan Warley 71p · 724 semanas atrás
vanessa · 724 semanas atrás
Poxa que bacana suas novas aquisições, gostei. Sou louca pra ler esses livros da série Amanhã, parecem ser bons. Boa leitura e vou aguardar as resenhas (:
Beijos, Vanessa.
This Adorable Thing
Regiane 55p · 723 semanas atrás
Beijinhos
Rê
Ler e Almejar