Livro: Fique comigo
Autor: Harlan Coben
Nº de páginas: 288
Editora: Arqueiro
Série/Saga: -
Nota: 4,5/5
“Muitas pessoas já nascem assassinas, apenas não sabem disso. E como poderiam saber, sem matar ninguém antes?” P. 275
Harlan Coben é sempre leitura obrigatória. A cada livro, o
autor mostra a que veio: ser um dos melhores autores de thriller da
atualidade.
No Brasil, a editora Arqueiro – responsável pelos
lançamentos do autor – vinha trazendo, nos últimos tempos, os volumes que compõe a série Myron
Bolitar. Esta é também uma ótima série, mas, admito, estava um tanto quanto
ansioso por uma produção independente. Eis então que me deparo com “Fique Comigo”.
Megan Pierce é uma dona de casa suburbana, com dois filhos,
um bom marido e uma bela casa. Contudo, a aparente satisfação e tranquilidade
que circunda esse lar tipicamente americano, esconde um passado obscuro da
esposa.
Broome é um detetive que há 17 anos persegue incansável a
solução de um crime: o desaparecimento de um pai de família. Mas um novo
desaparecimento ocorre, na mesma data, e Broome se vê cada vez mais imerso no
caso.
Ray Levine foi um dia um fotografo famoso. Agora vive em um
trabalho indigno de suas habilidades profissionais; a decadência é fruto de
algo em seu passado que nunca deixou de perturbá-lo.
Esses três personagens, Megan, Ray e Broome, para citar
apenas estes, são acompanhados de forma ininterrupta por seus demônios.
Segredos, casos em aberto, traumas passados e amores sem solução, conformam
muito dos seus fantasmas. Mas, há também um casal de jovens – psicopatas - com
objetivos e métodos que tornam os piores fantasmas bastante reais.
Três casos aparentemente desconexos e com pontos de
convergência obscuros vão se misturando e trazendo a lume um cenário
progressivamente misterioso.
Posso dizer que minha necessidade de ler algo independente
do Coben foi amplamente satisfeita. Na verdade, é difícil encontrar alguma
produção dele que não seja uma surpresa agradável.
Harlan se faz valer não apenas pela capacidade inata de
criar histórias intrigantes, e que conduzam o leitor a caminhos cada vez mais
tortuosos. Por isso, mas também pela complexidade psicológica de seus
personagens. E, ainda, por colocar em questão um submundo americano – e também
humano -, que, por vezes, não nós é apresentado.
A mistura dos elementos supracitados, em consonância com a
habilidade da escrita, torna as produções de Coben irresistíveis.
Em “Fique Comigo”, Harlan Coben faz valer, mais uma vez, a
alcunha dada pelos franceses: “o mestre das noites em claro”.
“As pessoas precisavam de respostas. Precisavam de um desfecho. A esperança (...) pode ser uma coisa maravilhosa. Mas também pode arrasar alguém dia após dia. A esperança pode ser a coisa mais cruel do mundo.” P. 27